Saturday, April 4, 2009

Um despretensioso conto colaborativo

Tá na moda, né? Com a internet, tudo agora tem apelo participativo... Tive essa idéia (ggrrr, agora é sem acento) por que meu partner poderia trazer muito de sua área pro negócio.

Por isso, ele tem a liberdade para modificar, cortar, aumentar, criticar, dizer que tá ruim e apagar o post! :-P

Bom, aí vai, a coisa começou assim:

Na minha mente há um tribunal em que eu sou sua advogada. Enquanto os outros te consideram réu, eu estou disposta a fazer tudo para provar sua inocência. Acredito no seu depoimento. Em frente a um juri ignorante, eles apresentam provas da sua culpa, as quais julgam irrefutáveis. Eu protesto! Não há testemunhas. Acima de tudo há o benefício da dúvida.
Meu cliente não precisa fazer muito. Eu uso de toda a minha elouquência (até praticamente enlouquecer...). Cito as leis, seus parégrafos e interpretações. Recrio o cenário do crime mais uma vez, e outra, e outra.
A acusação grita: "Como você não vê?"
A justiça é cega.
O juiz nunca bate o martelo. E marca outra audiência, para outro dia.
O juri sabe cada vez menos.
Promotoria e acusação ganham mais tempo.
Você sai algemado.
Eu também, aos processos que levo para casa. Pastas, incontáveis folhas de papel, sobre as quais acado dormindo, ao raiar do dia, após revisá-las pela centésima vez, tentando achar um desfecho favorável. Livrar sua cara e provar que nunca estive errada.

Segunda parte

Depois de ter passado mais de quatro horas tentando convencer um júri que se preocupa mais em tentar não cair no sono do que valorar as provas produzidas no processo, resolvi que precisava de uma cerveja.
Combinei com os colegas de profissão no bar de sempre, próximo ao Edifício Garagem Menezes Cortes. Resolvi me adiantar e cheguei com meia hora de antecedência para pensar um pouco sobre tudo o que aconteceu...
Pedi um choppe bem gelado e puxei um banquinho no bar. Bebi o primeiro copo sem degustar, a sede era maior que tudo e o gosto eu já sabia, afinal.
Antes de começar a entornar o segundo copo, comecei a me lembrar do meu início no Direito Civil...Nossa, como foi que eu vim parar no Direito Penal? Eu que sempre entendi que essas áreas não se misturavam, que o Civil era mais seguro... O que me fez mesmo mudar?
Ah sim, o dinheiro! Eu precisava da grana e a grana é alta quando se tem como cliente um homem rico com o Dante, meu atual cliente...
Um homem rico acusado de ter matado a esposa...Não precisava do dinheiro do seguro...jura de pés juntos que se davam bem...Prova do crime? Nenhuma. Tudo o que se sabe é que ele chegou em casa e achou a mulher sem vida no chão usando um vestido branco encharcado de sangue. Dois tiros no peito...casa revirada...objetos de valor roubados...Mas ninguém viu o meliante sair da casa...Crime estranho, mas possível...
A polícia convencionou que o principal supeito era o meu cliente. Não havia pólvora na mão dele, não foi encontrada a arma do crime. No entanto, todos os vizinhos sabiam da briga feia que eles tiveram na noite anterior...Fofoca...foda!
Eles se desentenderam e o Dante saiu de casa com as roupas e tudo mais...Acontece, porra! Não é?
Desce mais um garçom...
Enquanto espero meu copo e me perco nos detalhes que antecederam o crime vejo um casal na minha frente. A mulher é jovem, o homem nem tanto. Ele roça a barba no pescoço dela e ela parece gostar, pois ri enclinando a cabeça para trás. Era uma cena normal até que reparei que ele usava um grossa aliança dourada e ela não...Amantes...a coisa fica mais quente sem as responsabilidade e neoroses de cada dia...
Amante...eu não pensei nisso! Será que ele tinha uma amante?!
Antes que eu pudesse pensar meus amigos chegaram e estávam acenando pra mim na mesa 12.