Tuesday, January 27, 2009

Frase do Manga: "A Razão Do Meu Silêncio"

Eu me lembro do tempo em que palavras importavam
Iam a ti como brisas
Entravam por teus ouvidos, suaves
Dissolvidas como perfume, absortas
Já existiam desde sempre
Eram tuas palavras, eu apenas fazia lembrá-las
Como se descobrisse em ti algo há muito escondido
Tu me ouvias como a um encantamento
Era tudo doce
Deveras interessante
Filtrado pelo teu interesse por mim
E o meu por ti
Não há porque falar agora
Não te atinjo mais, não me ouves
Não há doçura ou aroma
Não há mais nada
As agora flechas
Cegas, desnorteadas
Detém-se e vão-se ao chão
Não me entendes mais, e nem o quereres
E ainda não notas que mudaste!
Perguntas, atordoada, por que eu calo
És a razão do meu silêncio
Meu profundo desejo é fazer-te entender
Minhas mãos apertariam teus braços
Como se possuísse tua pele
Faria as palavras entrarem a ti, novamente
Mas meus brados não são – ou jamais serão – ouvidos por ti
Novamente
Pois tu fizeste meu som desaparecer
És tu que, enquanto falo, ouves somente meu silêncio
Então, por que falar?

Friday, January 23, 2009

Re: Time goes by so slowly for those who wait

Que coisa sacana é o tempo
passa rápido para quem não sabe o que fazer da vida
achando bem cômodo esperar o rumo se abrir à frente
e devagar para quem mal pode esperar para pôr as mãos no destino
levá-lo pelo caminho já cuidadosamente traçado.
Não consigo parar de admirar quem não tem medo de domar a vida
como quem doma um touro
Ele pode te derrubar, te levar pra um lado ou pro outro.
Mas fica lá, segurando o chifre,
fazendo parte, aguentando o tranco.
Tem gente que ia preferir esperar
o touro dormir...
Eu quero saber se é válido sentir culpa
por não aproveitar o tempo que já passou
(e não volta mais!),
se não tinha noção, naquele tempo,
de que estava perdendo tempo
que ia precisar bastante depois.
Agora que o tempo passou,
eu sei.
"Se soubesse ontem o que sei hoje..."
Tenho culpa no cartório, sr. Advogado?
Ou gostaria de me defender?
De agora em diante,
o jeito é não esquecer que o tempo passa.
Em vez de esquecer,
vou esperar ao lado da panela,
para demorar a passar...
e poder ver de perto
cada mililitro de água virar vapor.

Sunday, January 18, 2009

Eu e o Tempo

Desde pequeno eu tinha a percepção de que a passagem do tempo seria algo importante pra mim.Em parte porque eu tinha, de certa maneira, uma percepção diferente das crianças da minha idade. E em decorrência dessa percepção ouvi muita gente dizer que "você é bem maduro para a sua idade".

Quando era pequeno, sonhava em ser adulto. Eu não sabia exatamente o que queria fazer, apenas me via de terno, como alguém que é importante. Mesmo agora, já adulto, sonho em como será a minha vida daqui a alguns anos.

Mas, como eu ia dizendo, minha relação com o tempo não partiu somente dessa minha percepção diferente. Minha mãe, principalmente, me criou de forma um tanto quanto reclusa em alguns aspectos. Não reclamo de você, mãe: tua criação me deu tudo o que tenho e o que tenho não é pouca coisa. Porém, muitas vezes quando eu queria fazer alguma atividade que outras crianças como eu faziam era minha mãe quem dizia "você não tem idade", "só daqui há algum tempo"...

Imagino como isso deveria ter sido irônico para meu pai que, quando criança, passava mais tempo na rua do que em casa. Já para o filho, ele resolveu impor limites que nunca teve e como marinheiro de primeira viagem que era, errou e não foi só uma vez.

Quando eu vivia dessa forma, tudo que eu queria - lembro-me bem - era que o tempo passasse rápido. Nessa época, o tempo só tinha um significado: liberdade.

O tempo passou e eu terminei meus estudos básicos ingressando na faculdade de Direito em Niterói. Pra quem precisava de liberdade, estudar em outra cidade era o mesmo que soltar as amarras.

A faculdade de Direito trouxe o terno preto. Essa vestimenta, eu aprendi depois, serve não somente para identificar alguns operadores do Direito, mas também lhe servem de blindagem, de armadura. Espada e escudo para o guerreiro, terno e gravata para o advogado. (mas isso é para outro post)

Passei por períodos turbulentos. Fiz estágios em repartições públicas, num escritório de pequeno porte, aprendi muitas coisas e me aprimorei em outras. O tempo me deu saber e engrossou minha casca como um mestre prepara o pupilo para algo maior.

No meio disso tudo eu aprendi coisas sobre amor, amizade, lealdade, companheirismo. O tempo levou entes queridos e me deixou espaços vazios no coração que até hoje não foram preenchidos. “Te apresento a morte”, disse o Tempo e eu respondi dizendo “obrigado por ter adiado ao máximo esse momento”.

Depois de ter me ensinado as mais diversas lições, o Tempo achou que eu, finalmente, estava preparado. Quando chegou esse momento ele disse “preciso te mostrar um lugar. Não direi onde fica, nem quando. Tudo isso, meu caro, está a cargo do Destino”.
A primeira vez que vi o prédio em que trabalho eu estava do outro lado da rua, quando desci do ônibus. O edifício é o mais badalado da Avenida Rio Branco e em sua fachada HÁ UM IMENSO RELÓGIO.

Me senti como Roland finalmente de frente para a Torre Negra. Era mais do que algo convidativo, era como se aquela construção dissesse "bem-vindo ao lar".
Lá não era a casa do Tempo, pois esse não pára para descansar. Era como se fosse um templo em homenagem a Cronos, um lugar onde o Tempo é contemplado. Desde a primeira vez que pisei no 9º andar eu sabia que lá tinha algo pra mim.

Estavam lá meus maiores desafios, as mais incríveis aventuras e o conhecimento e a liberdade que eu tanto busquei.

O Tempo, ao que parece gostou de mim, resolveu que continuaria me guiando por esse mundo a fora. E, usando de sua típica ironia, meu deu um presente inusitado: “trabalharás com prazos para todo o sempre!”.

Thursday, January 8, 2009

Não nego que quero negar

Pode ser bem ruim confessar, mas o momento que estou vivendo não está me dando inspirações artísticas muito expressivas. Normalmente, a escrita é o meu refúgio primeiro. Isto aqui, um meio poderoso onde eu posso fazer o que quiser pra tirar tudo que há cá dentro. Só que o que está cá dentro não é fácil de expressar em palavras, faladas ou escritas, muito menos tem em si muita poesia. Esta, aliás, tem me deixado sozinha, substituída pela sua amiga Ironia algumas vezes. Nas outras vezes, maioria, é o Pessimismo que se faz de óculos pra que eu enxergue o mundo. Um pequeno passarinho carregando com dificuldade um Fandango é apenas um passarinho carregando um Fandango. Se eu parar para pensar na luta pela sobrevivência e a importância de viver pelas suas metas nesta vida, eu vou perceber que eu não tenho um Fandango pra carregar. Ou seja, tudo se resume ao que eu tenho feito em vez de escrever. Eu tenho passado grande parte do meu tempo deixando bem claro para o mundo que eu estou insatisfeita, apresentando um problema sério de concentração por causa desse pensamento. É sobre o que eu quero falar, o que eu quero escrever, o que eu reflito dia e noite. Acabo me colocando numa teia de auto-ajuda pública que em nada tem me ajudado. Os conselhos encontram o eco, sem virarem de fato uma mudança. Além disso, abordar sempre e sempre o mesmo assunto não ajuda a cicatrizar. Antes, deixa a ferida aberta e o fato fresco na memória, para acumular e desaguar a qualquer palavra dura ou momento de solidão.

- Oi, tudo bem?
- Não.
- O que houve?
- Eu só queria ser feliz...
- Você nem me perguntou.
- Eu não escuto sua voz.
- E por que isso acontece?
- Eu sei... eu sei...

Hoje arrependimento e vergonha se unem ao meu caldo. Enquanto o sol se põe e levanta, guerras começam, crianças nascem e outras morrem de fome, é em mim que eu penso somente. Meu egoísmo me constrange e isso nem me ajuda na produção. Ou vamos ficar produzindo meus problemas pra sempre, fazer um livro de como não se viver essa vida? Uhm... pelo menos vamos ganhar dinheiro!

Nesse momento eu não quero dar luz aos cegos que me cercam... Eu quero a luz para mim.

Thursday, January 1, 2009

Re: ensaio sobre a cegueira

Nos meus últimos escritos eu falei de algo que chamei de “amores possíveis”. Pra mim, amores possíveis são aqueles que, dentro das circunstâncias todas, podem se concretizar. É sobre concretude que eu quero falar hoje.
Sem pedir licença alguma, vou falar sobre a concretude de uma mulher. Mas, como sempre, a tratarei com carinho, respeito, dignidade e admiração – sempre admiração.

eu não sabia tu
não sabias
fazer girar a vida
com seu montão de estrelas e oceano
entrando-nos em ti
bela bela
mais que bela
mas como era o nome dela?
Não era Helena nem Vera
nem Nara nem Gabriela
nem Tereza nem Maria
Seu nome seu nome era...

(trecho de “Poema Sujo” – Ferreira Goulart)

Melhor que ver uma paisagem através de um quadro é estar lá. Acho que você concordaria, pois você já respirou outros ares muito mais vezes que eu e esteve em mais paisagens do que eu poderia contar.
De qualquer forma, algumas pessoas preferem o platonismo, o inalcançável. Algumas pessoas – acredito – preferem ver a paisagem no papel. Desta forma, ela sempre estará eternamente bela, será sempre uma ótima lembrança que se manterá inalterável independentemente da passagem do tempo.
Mas não é o que regularmente acontece...
A vontade de ser mais que uma bela paisagem é grande. E para que isso aconteça é necessário concretude. O que é vapor, precisa virar sólido. Um teorema precisa de demonstração!
Minha opinião: qualquer fantasma sucumbiria à vivacidade desses olhos azuis...São irresistíveis se forem usados com a devida munição.
Lembro-lhe que é necessário interagir com o ambiente. Tocá-lo, respirá-lo, bebê-lo, consumi-lo e até feri-lo, pois nada nesse mundo passa sem levar um arranhão sequer.
Mas tudo isso, eu sei, você já tem total ciência. Ainda assim, eu preferi te refrescar a memória.

Eu acredito em tudo,
Mas eu quero você agora.
Eu te amo pelas tuas faltas,
Pelo teu corpo marcado,
Pelas tuas cicatrizes,
Pelas tuas loucuras todas,
Minha vida.
Eu amo as tuas mãos,
Mesmo que por causa delas,
Eu não saiba o que fazer das minhas.
Amo o teu jogo triste.
As tuas roupas sujas,
É aqui em casa que eu lavo.
Eu amo a tua alegria,
Mesmo fora de si,
Eu te amo pela tua essência,
Até pelo que você podia ter sido,
Se a maré das circunstâncias,
Não tivesse te banhado nas águas do equívoco.

(trecho de “Quando o amor vacila” – autor desconhecido)

Conviver com alguém é um grande teste para o espírito. Somente na rotina é que aparecem os problemas, os defeitos, as decepções. Somente na rotina é que se estabelecem as maiores provas de amor.
Você sempre fala sobre portas. No seu caso, são portas que se fecham. Você não sabe como acontece, mas continua acontecendo. Você tenta evitar e eu acredito. Mas o resultado continua a se repetir...
Talvez seja a hora de mudar de estratégia. Contar com a persistência alheia não tem adiantado muito. Mas eu não te prescreveria nenhuma receita! Quem sou eu para fazer isso? Eu apenas cumpro a minha função de acreditar fielmente em você.
Apesar de entendê-la como alguém cuja arte se sobrepõe aos interesses mais mundanos, basta uma caminhada de 500 metros para estar em seu abraço. Você não é uma miragem pra mim, não é uma ilusão pra mim. Mas talvez, só talvez, eu tenho a visão aprimorada. Quem sabe minha íris é muito mais receptiva?! Ou meus sentidos sejam mais aguçados?
É por isso que ofereço minha parceria, minha energia: consigo enxergar algo além daquilo que meus olhos me permitem ver.

Eu quero ser possuída por você,
pelo seu corpo, pela sua proteção, pelo seu sangue.
Me ama.
Eu quero que você me ame,
E fique eternamente me amando dentro de mim,
Com a sua carne e o seu amor.
Eternamente, infinitamente dentro de mim,
Me envolvendo, me decifrando,
Me consumindo, me revelando

(trecho de “Eu queria ser possuída por você” – José Vicente)

Acredito que as necessidades do espírito se refletem na carne. Portanto, cuidar da carne também é preservar o espírito.
O beijo demorado dado na penumbra... O abraço aconchegante em forma de fortaleza... O prazer do sexo com quem se ama demais...
Portas que se exibem no corpo e que dão acesso ao espírito.
Se há algo de diferente em você eu diria que reside no fato de que é mais difícil enxergar as portas em você. Duas etapas são necessárias: primeiro enxergá-las e depois abri-las – ou passar quando já estiverem abertas!
Mas se poucos têm visão aguçada somente você poderia lhes ajudar a ver. Livre-os da cegueira, livre-os da ignorância. Faça-os enxergar o que estão perdendo. Pois, é justamente nesse momento que eles irão persistir.
Ligue o infravermelho.

Definição

Eu li, e reli, e reli. Fiz um exercício de interpretação. Fechei os olhos da modéstia, o charminho de quem não recebe muitos textos sobre si. E enxeguei. É, espertinho, você conseguiu. Sou eu.

Por muito tempo eu tenho tentado ligar os pontos, já tinha percebido essa minha caacterística espectral, que explica mas não justifica um monte de passagens da minha vida. Das mais antigas às mais novas. Acontece desde sempre. Impossível sou eu, e nem sei o porquê, o como, o que eu faço.

"(...) aquilo que se tem por uma bela paisagem: admiração, carinho, fascinação, vontade de preservar."


Eu tenho aprimorado a minha técnica de perceber alguns sinais. Um dia até fiz uma lista deles, de momentos esparsos que vivi em minha vida. São todos apenas migalhas, o máximo que eu conquistei. Acredito que tenham sido verdadeiras, que houve desejo, vontade. Mas isto passa. Desenvolvi a regra dos "20 segundos": todos um dia tiveram certeza que me queriam por 20 segundos. Eu consegui perceber, através de um olhar, uma palavra, um toque, um sorriso, ou até mesmo uma declaração explícita... Decerto foi um sentimento sincero mas que se esvai logo. Passou pela cabeça. Passou e foi. No dia seguinte, nenhum deles acorda pensando em mim. A vida segue e eles vão atrás de seus alguéns mais facéis, mais acessíveis, mais reais, menos etéreos.

Se eu, sem saber, fecho a porta, ninguém persiste a bater. O sentimento nunca vê a luz do dia, nunca desce à terra, não germina. Preferem deixar no fundo da alma, o lugar dos espíritos.

Por isso passei pela vida não sabendo se alguém me queria. Sem provas cabais que me fizessem acostumar com a idéia de ser desejada. "Era você. Eu gostava de você. Te admirava tanto. Tão inteligente, tão segura, independente..." Nada disso eu soube, nada disso eu ouvi quando precisava. Só descobri, anos depois, que muitos com quem convivi, até alguns dos que me tratavam tão mal, na verdade, gostavam de mim... Gostavam de mim? O quanto, buscando a outras? Sempre resisti a acreditar que era verdade. Além do mais, do que me adianta isso agora?

Por que nada disso viu a luz do dia?

"(...) pouco dela é matéria - enquanto que quase tudo é espectral!"

Uma sombra... tenho fama de muitas coisas, sem que ninguém, ou eu mesma, saiba direito quem eu sou e o que é verdade. Eu não sei como eu colaboro para que isso aconteça, só sei que preciso encontrar pessoas que me puxem pra terra firme, ou vou desaparecer de vez. Ou seria esse o meu devido destino? Inspirar admiração, mas nunca participação. Admiração, mas nunca compreensão. Carinho, mas nunca um toque que me alcance. Desejo, mas nunca uma atitude. Uma ótima idéia na teoria, inviável na prática.

Eu não sei onde estava o seu sentimento, já que nunca olhava pra mim. No início eu desviava os olhos de medo e confusão, mas depois fui atrás dessa expressão maior, que eu esperava muito receber. Mas não achei. Pouco a pouco, continuei buscando... onde estava? Nunca consegui descobrir. Da minha parte, confesso que não gostava de ver as fotografias. Me repeliam, não entendia muito bem. Eu as escondia, afastava-as de mim. Eu gostava era de te imaginar. E não mudava nada de como era, somente como agia. Mudava um pouco do roteiro a meu favor... Ainda guardava intacta na memória a visão do primeiro beijo, aproximando, aproximando. O que aconteceu depois virou um emaranhado confuso. A única outra visão lúcida que eu consegui guardar foi do dia que em que percebi que não havia nada em seu olhar, ou melhor, foi quando percebi que ele nem ao menos me buscava... Eu provavelmente já havia desaparecido.

Sinto que preciso ser vista e tocada. Mas algo me protege. O que é?