Wednesday, May 20, 2009

Inside someone's mind

- Ele ri com vontade, e pareceu-me que todos que o cercavam estavam cada vez mais perto. No centro da roda, ele levanta o copo de cerveja, como quem fosse fazer um brinde, mas continua a conversa, dessa vez falando ainda mais alto. Ele já bebeu um pouco além da conta, e eu não estou feliz com isso. Por mais que eu tente me enturmar, no final, eu sempre fico meio de longe, calada, segurando o mesmo copo há 1 hora. Eu vejo sua personalidade mudar, e vejo sua felicidade (genuína, apesar de etilicamente exacerbada) de estar ali, naquele local, cercado daquelas pessoas. Parece ser coisa que mais lhe é rara. Liberdade. Liberdade? Não dá pra não ser um pouco imatura e pensar, "e eu?". É nessas horas em que eu me vejo forçada a pensar por que afinal estou com ele.

- Me disseram que eu deveria estar feliz, mas acho que tem alguma coisa errada. Mais uma vez estamos no mesmo lugar, e eu, sentada em uma mesa atrás dele, fiquei esperando que ele virasse e me olhasse. Ele se levantou por algum motivo qualquer, e então desejei que ele chegasse mais perto de mim. Ele poderia me beijar. Bom, talvez fosse demais, com aquelas pessoas ao nosso redor... ele poderia me abraçar ou... me tocar de alguma maneira, acariciar meus cabelos por algum segundo. Ou poderia só me olhar, pra eu ter certeza de que ele está ali como eu estou ali, um pro outro. Ele se virou e sentou novamente, de costas para mim. É nessas horas em que eu me vejo forçada a pensar por que afinal estou com ele.

- É estranho ver o que nela há de mim. Eu que sempre acreditei que as pessoas saem de uma relação com algo de alguém, e esse alguém, com algo meu (hopefully!). Sempre acreditei cada pessoa é única e exerce unicamente seu papel na vida. Não dá pra substituir ninguém, como quem apaga da mamória, sem que não sobre nenhum resquício ou marca. Há uma troca. Ela me disse que pensava assim também, mas daí a acreditar... Hoje é estranho vê-la passar. Trazendo no corpo aquela coisa minha. É estranho perceber. Envolve seu quadril, abraça suas coxas, desce aos seus pés. Centenas de pequenos quadrados, cada um deles sou eu. É nessas horas em que eu me vejo forçada a pensar por que afinal não estou mais com ela.
- Depois de algum tempo, passou a ser mais aceitável a possibilidade de uma vez quem sabe vir a esbarrar com ela na rua, por aí. Antes eu ficava assombrado, e somente pensar nisso me dava uma certa taquicardia. Foi tão difícil tomar a decisão, executar e continuar a vida, sabendo que no mundo havia mais dois corações feridos e incompletos, dependentes da ação do tempo e da vida pra serem curados. Mas fui me convencendo que era o certo a se fazer. A sensação de insegurança era demais pra mim, eu precisava de uma certa coisa que... não chegava. Um suporte emocional maior, uma resposta mais adequada às minhas ansiedades. O problema podia ser meu, mas eu sou eu e então era preciso encaixar em algum lugar. Tomei meu rumo de pronto, e o tempo foi passando. Mas um dia seria inevitável. Nunca imaginei que numa situação dessas... numa festa de alguém que eu nem imaginava que ela conhecia. Acho que ela foi parar lá por causa de uma amiga de um amigo... no meio de um monte de gente, lá estava. Acompanhada, mas independente, linda, linda... No centro da roda, ela levanta o copo de cerveja, como quem fosse fazer um brinde, mas continua a conversa, dessa vez falando ainda mais alto. Ela já bebeu um pouco além da conta, e sorri fácil. E eu sinto... saudade? Desejo? Culpa? É nessas horas em que eu me vejo forçada a pensar por que afinal não estou mais com ela.

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