Sunday, May 17, 2009

The shape of things to come*

Ando preocupado ultimamente. Algumas de minhas convicções (não dá pra dizer que são todas) tornaram-se dúvidas. E o ser humano, eu sei, não lida muito bem com dúvidas.

As dúvidas paracem perseguir com obsessão o esclarecimento. E quando o esclarecimento não vem só resta o nervosismo e a gastrite...Te juro que se eu fosse fumante estaria tragando o décimo cigarro...Se eu fosse alcoólatra estaria transpirando wisky...Mas, por não ser nenhuma dessas coisas, resolvi escrever sabendo que "words are, of course, the most powerful drug used by mankind" (Kipling).

Quero ir direto ao assunto, sem muitas alegorias, mas não posso fazer disso um diário ou um confessionário. Isso seria absolutamente errado levando em consideração as intenções iniciais desse blog. Por essas razões, me parece prudente (prudente é ótimo) escrever a minha prosa pouco elucidativa de sempre.

Eu sou o tipo de pessoa que não acredita que o destino está todo escrito de forma que nada que façamos poderia mudá-lo, ou ainda, que todas as atitudes humanas já foram previamente estabelecidas uma vez que o destino não muda. Quando ainda era bem jovem, no início da adolescência eu pensei que "se o meu destino está selado não há qualquer razão para me levantar da cama todos os dias e encarar meus professores, me esforçar em aprender coisas inúteis como física e handball, e etc. Se tudo foi estabelecido, não faz diferença".

Eu me revoltei com esse pensamento e amadureci a idéia. Mesmo por que a minha vida não foi das mais fáceis e eu sempre lutei para que ela fosse diferente (como está sendo) e nunca acreditei em pré-destinação. A partir de certo momento (ainda bem jovem), eu passei a acreditar que meu destino estava nas minhas mãos e que a vida me dava todas as escolhas possíveis. A cada escolha feita há uma consequência e assim é que se constrói o destino, fazendo escolhas e analisando as variáveis. Apesar de acreditar firmemente no karma, eu tenho certeza absoluta que de que ele traz livre arbítrio. Ainda que o karma me traga provações ao longo da vida, em cada provação estará uma oportunidade de evolução espiritual. Dependendo das minhas escolhas, da minha vontade livre, poderei evoluir ou não.

Enfim, isso tudo foi para explicar que eu acredito nas variáveis, acredito que não existe uma eterna constante que te guia e te leva para as situações que o destino escreveu antes mesmo do seu nascimento. E é justamente por pensar assim que eu faço questão de ter minha vida nas minhas mãos: eu sou o arquiteto.

Mas como fazer um obra conjunta com alguém que se deixa levar pelo destino? Enquanto um compra material, contrata mão de obra e começa a emplilhar os primeiros tijolos o outro pensa "se esse prédio tiver que esxistir, ele vai se edificar de forma autônoma. Para que esse prédio surja não preciso mover um tijolo, pois o único operário necessário é o Destino. E depois que o Destino terminar de construir esse prédio, basta entrarmos nele e vivermos felizes, se assim quiser o Destino."

Deu para entender? Enquanto um dos persongens arruma tempo para buscar maneiras próprias de tirar esse prédio, esse sonho, de sua planta, de sua imaginação o outro espera sentado que dê tudo certo. Enquanto um pensa em quanto dinheiro precisa levantar para mobiliar a moradia o outro se pergunta em que restaurante vai almoçar hoje.

Eu tenho dúvidas sobre como resolver essa situação. Quer dizer, se tudo depende do Destino, posso afirmar que para alguns ele é um tremendo puxa-saco babaquinha e dá tudo de mãos beijadas, mas para outros, meu amigo, ele é uma puta insensível e sádica, que além de te fazer pagar para receber chicotadas na bunda, ainda ri da sua cara no final.

Eu não gosto de depender do destino. E tenho um prédio na planta para construir. Eu tenho um sonho bonito pra caramba que merece a chance de acontecer. Merece muito. E, até pouco tempo, parecia que eu sabia todo o passo-a-passo. Mas agora, eu não sei nem onde encontrar meu primeiro tijolo. Contruir em conjunto é bem mais difícil do que eu pensava...

* O Rubem Fonseca disse que o inglês é o novo latim (in Bufo & Spallanzani).


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