Monday, December 29, 2008

Moinhos de vento

As coisas são o que são, eu aprendi. Às vezes nós colocamos uma maquiagem aqui ou ali – mesmo porque, essa pode ser a única alternativa –, mas não podemos mudar a natureza das coisas.

Outra lição: se as coisas são o que são não há que se falar em bom ou ruim. Que alívio, não acha?!

Bom, eu acho...

Se você quer me seguir, não é seguro
Você não quer me trancar, num quarto escuro
Às vezes parece até, que a gente deu um nó
Hoje eu quero sair só

Ninguém nunca me perguntou quais são meus maiores medos. Já me perguntaram se eu queria o filé mignon mal passado, no ponto ou bem passado. Já perguntaram se eu sou sexualmente bem dotado. Já perguntaram sobre os meus maiores sonhos, mas sobre os meus medos: nada! As pessoas têm medo de saber quais são os medos das outras pessoas?

Que coisa...

Me vem à mente a canção de Renato Russo (Daniel na Cova dos Leões) em que ele diz que “o teu medo de ter medo de ter medo não faz da minha força confusão”. Agora, isso me parece ainda mais profundo. E estranho, claro. Sempre um tanto quanto estranho. Toda essa prosa, se se pensar bem, é estranhíssima também.

Anota aí: SOLIDÃO.

Não sei se a questão é estar em ambiente em que a única viva alma sou eu. Acho que se trata de se sentir só. Abandonado, jogado... Just alone.

Ainda Lenine (e porque não?):

Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá

Como se consegue vencer todos os medos? Digo, os meus medos, os seus, os nossos. A soma de todos os medos resulta em um monstro tão medonho que apenas de olhar te fere a retina?!

Quem sabe?

Eu, tal como o personagem de Cervantes, insisto em lutar contra moinhos de vento acreditando, inocentemente, que são gigantes sedentos por me destruir...

E ouça só isso. De vez em quando alguma alma caridosa bate nos meus ombros e diz que “não são gigantes, mas apenas moinhos de vento”! E, ainda assim (pasmem!), continuo lutando miseravelmente.

Ria, agora. Ria, pois se eu fosse você, riria facilmente de mim. Veja que coisa: o rapaz constrói uma prosa em metáforas que se afundam umas nas outras para falar sobre um medo que tem MEDO de exprimir.

Mas não se engane, isso não passa de um truque. Uma mágica para o sono vir... Mas não só isso! Também me parece ser a única maneira de me deitar sem estar atormentado.

Vou apagar a luz, agora. Vou dormir e torcer para não sonhar com nada.

Mas, se Morfeu forçar todas as barras, eu espero sonhar com novos horizontes. Quero ver um campo onde nasce um esplendor de novas possibilidades.

Quero estar num lugar de amores possíveis. Um lugar onde amores se concretizam. Basta gostar de alguém e esse alguém gostar também.

Um lugar onde moinhos de vento sejam só moinhos de vento...

Não há prazos, não há obrigações. Os amores são estranhamente concretos, pois, por algum capricho, os amantes se completam e se bastam...

Então vou me despedir dizendo “nos veremos lá!” – não é?!

No comments:

Post a Comment